Para Aristóteles (384 - 322 a.C.), autor da frase e um dos maiores filósofos gregos, o homem é um sujeito social que, por natureza, precisa pertencer a uma coletividade.
Somos, portanto, animais comunitários, gregários, sociais e solidários. E, como temos o dom da linguagem, somos também seres políticos, capazes de pensarmos e realizarmos o bem comum.
O que significa "o homem é um animal político"?
No livro IX da obra Ética a Nicômaco, Aristóteles começa fazendo um elogio à amizade e a vida comunitária.
O filósofo parte do pressuposto que todos nós precisamos viver em sociedade e logo desemboca na seguinte conclusão:
não menos estranho seria fazer do homem feliz um solitário, pois ninguém escolheria a posse do mundo inteiro sob a condição de viver só, já que o homem é um ser político e está em sua natureza o viver em sociedade. Por isso, mesmo o homem bom viverá em companhia de outros, visto possuir ele as coisas que são boas por natureza (Aristóteles, 1973, IX, 9, 1169 b 18/20)
Segundo o pensador, a partilha social é essencial para espécie humana, e a felicidade está intimamente ligada à convivência com os outros homens.
Sociedade e homem mantém, portanto, relações indissociáveis: o homem precisa da sociedade e a sociedade precisa do homem.
A concepção de que o homem é um animal político em Aristóteles possui duas acepções. Na primeira delas podemos interpretar que, para o pensador, ao dizer que o homem é um animal político significa que somos seres que precisamos de uma coletividade, da vida comunitária, de uma vida partilhada na polis.
No entanto, outras espécies também dependem dessa organização social para sobreviverem, como é o caso das formigas.
A importância da linguagem
Por outro lado, ao afirmar que o homem é um animal político, Aristóteles também levanta a tese de que o ser humano é o único ser com capacidades discursivas.
Dono da palavra (logos), o homem é capaz de, através de uma linguagem complexa, transmitir aos outros homens aquilo que pensa para alcançarem objetivos comuns.
Segundo o filósofo:
A razão pela qual o homem é um animal político em grau mais elevado do que as abelhas ou qualquer outro animal, é clara: a natureza, como dissemos, não faz nada em vão, e o homem é o único animal que tem palavra (logos); —a voz (fone) expressa a dor e o prazer, e os animais também possuem, já que sua natureza vai até aí— a possibilidade de sentir dor e o prazer e expressá-los entre si. A palavra, porém, está destinada a manifestar o útil e o nocivo e, em consequência, o justo e o injusto. E esta é a característica do homem diante dos demais animais: — possuir, só ele, o sentido do bem e do mal, do justo e do injusto, etc. É a comunidade dessas coisas que faz a família e a cidade. (Aristóteles, 1982, I, 2, 1253 a, 7-12).
O que é política para Aristóteles?
o homem é por natureza um animal político (Aristóteles, 1982, I, 2, 1253 a 2 e III, 6, 1278 b, 20).
A política (no grego ta politika) era exercida na polis - uma sociedade organizada - pelos cidadãos. Aqueles que eram considerados cidadãos (politai) tinham os mesmos direitos e deveres, fazendo vigorar o princípio da igualdade.
No entanto, convém ressaltar que nem todos os que viviam na polis eram considerados cidadãos. Eram excluídos desse grupo as mulheres, os estrangeiros, os escravos, os trabalhadores e as crianças, por exemplo.
Os trabalhadores estavam nesse conjunto de excluídos porque, segundo Aristóteles, a ocupação laboral os impedia de contemplarem e ter uma vida baseada no ócio. Essas duas seriam condições essenciais para se haver disponibilidade para exercerem a política.
A polis e a política em Aristóteles
Aristóteles disserta ao longo da sua obra muito sobre a polis, que em grego quer dizer cidade. A polis nada mais é do que uma sociedade organizada composta por cidadãos, uma comunidade política.
Convém sublinhar que, na época em que Aristóteles, ser cidadão não era um conceito transversal que poderia ser utilizado para identificar todos aqueles que viviam nas cidades. Mulheres, crianças, estrangeiros e escravos, por exemplo, apesar de habitarem a polis, não eram considerados cidadãos livres.
As feras e os deuses: aqueles que não vivem em sociedade
Aristóteles aponta apenas duas exceções a regra - uma superior e outra inferior - ao dissertar sobre a necessidade do homem se organizar em comunidade.
De acordo com o pensador, os únicos dois grupos que conseguem não viver em sociedade são aqueles degradados (como os animais, os inferiores, que estão abaixo dos homens) e os deuses (os superiores, que estão acima dos homens).
Tirando esses dois grupos, Aristóteles sublinha a necessidade de todos nós vivermos em coletividade.
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